Em defesa da paz e da soberania da Síria
por Claudio Daniel (Notas) em Segunda, 8 de abril de 2013
"A República Árabe Síria é um país do Oriente Médio com 20 milhões de
habitantes (estimativa de 2008), que faz fronteira com o Líbano e o Mar
Vermelho a oeste, com a Jordânia ao sul, com o Iraque a leste, com a
Turquia ao norte e com Israel no sudoeste. Sua capital, Damasco, é uma
das cidades mais antigas do mundo. O estado é laico, e convivem no país
diversas comunidades religiosas, como os cristãos, drusos, muçulmanos
sunitas e xiitas. As mulheres sírias tem livre acesso à universidade, ao
mercado de trabalho e à participação na vida política do país, em
igualdade de condições com os homens, em contraste com o que acontece em
países como o Catar e a Arábia Saudita, onde as mulheres são proibidas
até de dirigir carros.
A Síria obteve a sua independência da França em 1946 e tornou-se um dos
mais prósperos países árabes, com uma economia bastante diversificada,
em que se destacam a agropecuária (25,9% do Produto Interno Bruto), a
indústria (27,2%), o setor de serviços (46,0%) e o turismo. A Síria
sempre apoiou o nacionalismo e o pan-arabismo, unindo-se ao Egito em
1958 para criar a República Árabe Unida (RAU) e participando de todas as
campanhas militares contra a ocupação sionista promovida pelo Estado de
Israel, perdendo o controle das colinas de Golan na Guerra dos Seis
Dias, em 1967.
O país é governado desde 1963 pelo partido Baas, de orientação
nacionalista e socialista, sendo o atual presidente Bashar Assad, que
assumiu o seu primeiro mandato em 2000. Há diversos partidos políticos
no país, como o Partido Comunista Sírio, o Partido da União Democrática
Socialista, o Partido Sindicalista Socialista, o Partido Nacional
Al-Ahd, entre outros, e em 2012 o Congresso votou uma nova Constituição
para o país, que foi posteriormente submetida a referendo popular. No
mesmo ano, foram realizadas eleições para os governos estaduais.
Em 2011, ocorreram protestos populares pacíficos contra medidas
econômicas do governo, o que serviu de pretexto a grupos
fundamentalistas islâmicos para iniciarem ações terroristas numa
tentativa de desestabilizar o governo, tais como atentados a bomba em
igrejas, mesquitas, supermercados e escritórios, assassinato de líderes
religiosos, decapitação de soldados do exército sírio aprisionados e
outras ações, insuflando uma guerra civil religiosa, com o objetivo de
substituir o atual estado laico por um califado islâmico. Jihadistas de
diversos países muçulmanos, como o Paquistão, o Marrocos e a Chechênia
chegaram à Síria através da fronteira com a Turquia e formaram o chamado
“Exército Livre Sírio”, que logo recebeu apoio financeiro, militar e
logístico dos Estados Unidos e das monarquias do Golfo Pérsico, em
especial o Catar e a Arábia Saudita.
Conforme matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo em 26 de março
deste ano, foram realizados mais de 160 voos de carga militar para os
“rebeldes” desde janeiro de 2012, incluindo armas de infantaria,
artilharia e equipamentos de todo tipo. Ao mesmo tempo, os Estados
Unidos e a Europa aprovaram severo embargo econômico contra o país
árabe, numa tentativa de minar o apoio popular ao governo. A desmontagem
de dezenas de fábricas sírias pelos “rebeldes”, transportadas em
caminhões para a Turquia, é outra forma de sabotagem econômica. No campo
político, a Liga Árabe, formada por países que em sua maioria são
alinhados com os Estados Unidos, expulsaram a Síria da organização e
aprovaram, em recente encontro de cúpula, o financiamento e a ajuda
militar aos “rebeldes”, enquanto Israel, que já bombardeara um centro de
pesquisas em território sírio, apelou para que a Liga Árabe invadisse a
Síria, com a esperança de que a hipotética ação militar dos países do
Golfo derrubasse o governo de Bashar Assad.
Uma ação militar estrangeira contra a Síria esbarra na oposição da
Rússia, China, Irã e de países como o Brasil, a África do Sul e a Índia,
que defendem uma solução pacífica negociada para o conflito. No final
de 2012, Bashar Assad fez uma proposta de diálogo aos grupos de oposição
dispostos a negociar. Ao mesmo tempo, surgem movimentos de
solidariedade à Síria e contra as tentativas do sionismo e do
imperialismo de destruir esse país árabe, como a recente passeata que
aconteceu em São Paulo no dia 23 de março, que reuniu centenas de
pessoas na Avenida Paulista, que foram manifestar o seu repúdio ao
terrorismo dos grupos fundamentalistas e o seu apoio à paz e à soberania
da Síria.
Por que o imperialismo quer destruir a Síria?
O imperialismo quer controlar a produção e distribuição de petróleo no
Oriente Médio, as rotas marítimas, o comércio exterior e os pontos
estratégicos na região, e para isso precisa eliminar os poucos governos
soberanos e independentes que se opõem aos seus planos, como os do
Líbano, do Irã e da Síria. Além disso, o enfraquecimento desses países
ajuda Israel a manter a ocupação dos territórios palestinos. A Síria,
única aliada árabe do Irã, sempre apoiou a causa palestina e também o
Hezbollah, que resistiu à invasão sionista no Líbano.
Quantas pessoas morreram no conflito na Síria?
Não há dados confiáveis, mas os veículos de comunicação apontam entre 40
mil e 60 mil mortos desde o início do conflito, em 2011.
Quem é o “Exército Livre Sírio”?
O “Exército Livre Sírio” é formado por diversas organizações, sem uma
estrutura unificada de comando, incluindo combatentes de diversos países
muçulmanos (Paquistão, Arábia Saudita, Líbia, Marrocos, Chechênia etc.)
que têm bases na Turquia. Muitos são fundamentalistas islâmicos ligados
à Fraternidade Muçulmana, à Al-Qaeda e outras organizações. Seu
objetivo é derrubar o governo de Bashar Assad e implantar um califado
islâmico.
Bashar Assad é um ditador sanguinário que mata a própria população?
A mídia ocidental, formada por grandes empresas de comunicação que têm
interesses econômicos e políticos alinhados aos Estados Unidos, retratam
a realidade síria de forma distorcida, para conquistar apoio da opinião
pública contra o governo de Bashar Assad e tentar justificar uma
possível agressão militar a esse país. A mídia não informa que os grupos
“rebeldes” realizam ações terroristas contra a população civil. O
exército sírio combate militarmente esses grupos para defender a
segurança da população e a soberania nacional.
O conflito na Síria pode levar a um conflito regional?
A Rússia e a China, que participam do Conselho de Segurança da ONU, são
contrários a qualquer agressão militar contra a Síria, e a Rússia, que
mantém bases militares nesse país, enviou recentemente uma esquadra para
a região. Uma intervenção da OTAN na Síria, tal como aconteceu na
Líbia, parece pouco provável. A estratégia inicial do imperialismo era
insuflar uma guerra civil religiosa que levasse à queda de Assad e à
divisão do país, mas até o momento os “rebeldes” estão longe de
atingirem esse objetivo. Uma hipotética agressão da Turquia ou de Israel
à Síria não está descartada, mas a aliança entre a Síria, o Irã e o
Hezbollah poderia levar a um conflito regional. Os esforços diplomáticos
de Rússia, China e dos BRICS são essenciais para uma solução negociada
do conflito."
Fonte: Loco Mundo
Nota do Ondashiz: Como se percebe, nem tudo que aparece na mídia oficial merece ser levado a sério, e o que se percebe é a tentativa desesperada de se dirimir a imagem de um governante, taxando-o de "ditador" e enviando "rebeldes" pagos para desestabilizar o país. Coisa que, aliás, foi feita na Líbia e, se for pesquisar bem, foi feita também em outros "lugares de interesse" para os EUA. Cavuca fundo que você acha onde que "rebeldes" se levantaram contra um "ditador", receberam ajuda, venceram, e o lugar acabou pior do que tava.
Nenhum comentário:
Postar um comentário